27/07/2012

Aforismos...


Talvez com o passar dos anos,
O poeta encontre, mesmo que na velhice,
O "direito" a ver toda sua sabedoria ignorada,
Subvertida. 


E que tudo o que era sério e definitivo se transforme na mais bela e pueril poesia.
Que um dia, enfim (quem sabe?) lhe seja dado o direito a ser criança novamente.


25/07/2012

Renunciando as asas do medo







A liberdade virá quando tivermos a coragem de saltar em voo livre, rumo ao lugar infinito e desconhecido, onde a criança vive, adormecida.


Imagem encontrada aqui

07/05/2012

Da solidão que liberta




O cavaleiro errante tem a solidão como sua eterna - e mais leal companheira. Ainda que preso, é na solidão que ele se liberta. Há correntes que só se quebram em segredo, quando estamos sozinhos.

É nos momentos de solidão que nos colocamos em desertos áridos e silenciosos em busca dos rumos e caminhos mais desejados, mais sonhados...

Na solidão eu me retiro de mim para me lançar num vazio onde impera a incerteza das coisas da vida, do presente, do passado e do devir. É lá onde me pego encurralado pelas perguntas mais duras, sem a menor chance de fuga. 

*Imagem encontrada aqui

05/05/2012

Para R.





Olá, R..., que saudade!

Mais uma vez sonhei com você. Acabo de acordar bem cedinho, numa manhã de sábado. Já te falei que adoro manhãs de sábados? Pois sim, são minhas manhãs prediletas. E hoje de, alguma maneira será ainda mais gostosa por ter sido acordado por você.

Espere, já vou te contar tudinho.

Era um fim de tarde de domingo, daquelas tardes lindas de outono, com sol amarelado se ponto num espetáculo de luzes no horizonte. Eu havia me enchido de coragem pra passar naquela esquina onde você morava, na esperança de te encontrar, para que pudéssemos, ao menos acenar com a mão, de longe.

Para minha grata surpresa, logo que avistei sua casa da esquina, lá vinha você, na minha direção, com um sorriso ainda maior que o meu. Foram minutos eternos presos em olhares de puro prazer e alegria. Naquele momento, nada mais nos separava: nem a distância, nem os anos todos que se passaram, nem as diferenças que se puseram entre nós com o passar dos tempos.

Num passe de mágica, me vi todo apertado com seu caloroso abraço, onde sorriso era a única forma de comunicação. De repente aquele sorriso silencioso se transformou em deliciosas gargalhadas, chamando a atenção de todos. A seguir nós gritávamos os nomes das pessoas que faltavam a ver o nosso reencontro. Você chamou sua mãe e eu, o seu pai...depois chamamos seu avós, suas irmãs. E foi uma alegria só.

Todos corriam ao portão para nos ver abraçados, grudados um ao outro, a rodar naquela esquina de tantas lembranças. Naquele momento, o mundo inteiro parecia compartilhar de nossa grande alegria. Foi o melhor abraço que já senti. E você bem sabe que gosto de abraços. E soube muito bem guardar o seu melhor abraço pra me dar hoje, em sonho, numa amanhã em que acordo com uma vontade de ter ficado preso nesse sonho, agarrado a você para rodarmos mundo afora, abraçados um ao outro como nunca se viu nesse mundo.

Admito que sonho muito com nossas lembranças. Principalmente em dias que falo de você, de tudo que passamos, quando pequenos. E sei que nada será como antes. O tempo passou, tanta coisa mudou. A vida nos colocou em mundos tão distintos! Mas ainda tenho as lembranças e os sonhos para eternizar tudo aquilo que de você eu tenho saudade. Até mesmo coisas de que você talvez não se lembre mais, nem saiba. O poeta disse que “os sonhos não envelhecem.” Talvez tenha razão. Porque os meus continuam intactos, bem jovens.

Imagem encontrada aqui



20/04/2012

Lembranças em noites insones






Minhas lembranças me surpreendem em madrugadas insones, onde acordo visitado por ausências das muitas vidas já vividas numa só... das epopeias que me aventuram nos pensamentos em que me perco, quando durmo ou quando acordo...quando sou e quando me invento. Minhas lembranças são visitas de muitas pessoas distantes que sempre aparecem em casas e jardins decorados de memórias sem fim... Chegam de repente, sorrateiras, sutis. Umas pedem pouso, outras seguem errantes. 

*Imagem capturada aqui

12/04/2012

Ode a 2005

Abraço e colo, quando do desespero.
Um olhar silencioso, um afago...
Música para ouvir de olhos fechados
No fone de ouvido.
Papel branco a ser preenchido
Com sonhos de liberdade.
Um suco de uva e duas canecas.
Vibrações amarelas em girassóis
Banhados de céu azul.
Livros emprestados,
Um deles extraviado,
Depois devolvido.
E a vida segue...

29/03/2012

Andar com fé



Cena 1.
Um pai sorridente se posiciona a cerca de 2 metros, abre completamente os braços em direção ao filhinho, que todo contente e corajoso ensaia (talvez) seus primeiros passos em direção ao pai.


Cena 2.
Surpreendentemente, reparei em menos de 5 minutos a mesma cena se repetindo, no mesmo local, com os personagens invertidos: Um jovem abre um sorriso ao ver um senhor bem apessoado (seria seu pai?), marcando passos com o auxilio de um aparelho “andador” na direção dele.
*Realmente, andar “dois metros” é muita coisa!
*Imagem encontrada aqui 

27/03/2012

Um canto de viola quebrada


























Chegastes em meio a madrugada,
De pés descalços, as unhas rachadas, 
Com a viola quebrada nas mãos.

Entre choros  e lembranças,  
Tua viola chora mágoas de criança
Teu canto é choro,me tira o chão

Nas madrugadas te vejo em sonhos,
Do teu choro, fazendo canção.

Acordo embriagado  de teu  canto, e tua canção
É  choro triste da viola que se quebrou.

E cantas uma canção entristecida,
Da vida sofrida que trazes consigo
E nas madrugadas, a cantas comigo

Acordado, no meu silêncio, rascunho violas em papel.
Pinto violas quebradas, que tocam dores e pecados,
Traz de volta o teu canto, mesmo que seja de lamento.


*Imagem: Agno Santos
*Madrugada de terça-feira, 31/05/2011. 
*Outra metade anteriormente postada aqui:

09/03/2012

cheiro, saudade e nostalgia






















O meu corpo está cheio de você.
O seu cheiro vive a me visitar.
Há características suas 
Que insistem em ficar na minha pele; 
Lembranças que ultrapassam 
Os limites do que é geográfico; 
Saudades que desafiam 
Minha vontade de liberdade; 
Esperanças que embaralham 
O correr dos meus dias, 
Me tiram o chão e o sono.


Trago seu cheiro em meu corpo 
E nos lugares por onde ando. 
Uma hora é cheiro de alegria, 
Noutras, pura nostalgia...
Às vezes me abraço e sinto 
O aroma dos teus braços a me afagar; 
E a lembrança forte de teu sorriso 
me acordando num domingo ensolarado. 
De repente minha saudade viaja 
em terrenos de lembranças. 

Imagem encontrada aqui

05/03/2012

Amor e liberdade


Penso que o amor não pode nunca brotar de uma necessidade, ainda que inconsciente (mesmo não sendo eu um exemplar de amante resolvido nesses aspectos).

Parece-me que sempre que julgamos precisar de um amor, temos a mania de pinta-lo à maneira do que julgamos ser o jeito certo de amar. Queremos alguém que ocupe os nossos vazios, na ilusão de que assim nos sentiremos seres completos.  Amor objetivado, manipulado, projetado; não se chega muito longe com um amor assim...

Talvez a necessidade do amor mais atrapalhe do que ajude; talvez seja preciso estar mergulhado no vazio da liberdade, longe de qualquer conceito acerca do amor, para quando enfim acontecer, que seja amor dado e recebido, sem motivos, sem cobranças e sem nenhum pré-requisito a cumprir.

O desafio é se jogar na vida, seguir a diante com projetos, com trabalho, estudo, amigos ou as coisas que a gente realmente gosta... Ficar livre e feliz , mesmo sozinho (?), Para que quando o amor chegar, encontre motivos pra ficar, numa atitude de liberdade.

Imagem encontrada aqui

02/03/2012

Marcas e lembranças





Sou eu um amontoado de lembranças. Tenho um corpo inteiro tecido de saudades, medos e desassossegos de toda sorte. Cada lembrança me traduz, me confirma, me conduz, me contradiz, me tira o chão, a paz, as certezas.


É como se eu tivesse o corpo todo tatuado com pedaços de pessoas, de lugares, de objetos, gestos marcantes, beijos quentes, abraços demorados, enfim, toda a estória da minha vida eu trago comigo, por onde vou. 

Imagem daqui

24/02/2012

Perto



Depois de percorrer longos caminhos a procura daquilo que seria o ultimo sinal, a ultima fagulha daquele que era seu maior companheiro; aquele que tanto o ensinara; que todos os dias lhe apontava motivos para se acordar e embarcar com a vida numa nova empreitada; que estava sempre ao seu lado lhe ensinando a ser corajoso, mas acima de tudo, respeitando os seus limites; aquele que era o melhor amigo, conselheiro, o mestre incentivador...

Foram muitas as investidas e estratégias traçadas de forma bem metódicas,seguidas à risca, numa busca interminável. Muitas viagens feitas para encontrar pessoas, ouvir as suas estórias de vida, suas perdas, suas alegrias, enfim... portas lhe foram fechadas e outras abertas. Mal sabia que as maiores descobertas já estavam sendo feitas pelo caminho...

Os caminhos foram bem diversos assim como as descobertas. Sozinho ou acompanhado. Percorrera lugares dos mais variados possíveis, dignos de todos os adjetivos hiperbólicos possíveis, numa caçada quase sem fim.

Junto com o personagem nos vem perguntas como: onde estaria a felicidade? Longe ou perto? Com exageros ou não? Será que estamos sozinhos na vida, sem ninguém a nos acompanhar pelo caminho? São perguntas que ficaram no ar... as respostas talvez venham aos poucos, embrulhadas de sutileza e encanto.

consideração sobre filme "tão forte e tão perto"

Imagem encontrada aqui


06/02/2012

Eu, mutante...

   "Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros foram."   Alexandre Graham Bell.
 
Tenho mudado muito. Minha vida tem divagado por aí em mudanças intermináveis. Todo dia eu acordo como se a vida fosse um papel branco a ser preenchido e a tarefa mais difícil é descobrir as nuances corretas para que cada dia seja de serenidade ou que ao menos eu cumpra ao esperado.


Já morei em tantas casas, frequentei tantos lugares , onde deixei sempre um pouco de mim. Deixo migalhas silenciosas por onde passo. Sou eu a incompletude errante dos dias sem fim. Dou o que não tenho em troca do que não me completa. E sigo.

Já mudei tanto de ideias, venci preconceitos, adquiri outros; mudei de amigos, de emprego, de vontades, meu gosto por música, por cinema, comida.

De tanto mudar bruscamente, sem planos definidos e sem metas, acabei me perdendo pelos caminhos. Com medo de ficar só, à beira da estrada, vou pedindo carona aos que me transitam, muitas vezes “só para não me sentir tão só.”

Já encontrei algumas paragens, sem dar a elas o seu devido valor. Talvez o que eu mais quero é encontrar o meu lugar. De tanto querer, me prendo ao chão que piso,  por medo de procurar, de continuar eternamente cigano pela vida. Vai saber.

Imagegem encontrada aqui


27/01/2012

Maturidade ou crise dos 30?


Em muitas vezes, me pego a pensar sobre o trajeto que tenho feito na vida e a pergunta que sempre me vem à tona é: quando e onde começa tal maturidade? Será que este estágio (ou status?) é igual pra todo mundo?

No auto dos meus 30 anos me bate uma tremenda angústia. Há tanta expectativa quanto desânimo em relação a muita coisa. Será que encontrarei as respostas? Gostaria de poder ao menos levar a vida de forma leve, com calma, fazendo apenas o possível e necessário e ficar bem e seguir com a vida.

Quantas reflexões feitas, quantos rompimentos aproximações, gestos de toda sorte em busca de um equilíbrio que ainda não veio. Quantas voltas ao mundo terei de dar para que eu finalmente encontre a tal sincronia das coisas?

Tanta coisa pra se viver e a vida vai me parecendo cada vez mais corrida, mais curta e exigente. Já eu, cada dia me perdendo em descréditos com a sensação de ter sido toda a minha vida “só um rascunho” até agora.

Já experimentei tanta coisa, neguei tantas outras, vivi de tudo um pouco. Talvez eu tenha experimentado algumas coisas cedo e em quantidade demasiadas para alguém da minha idade. O contrário também é verdade: há coisas das quais eu já deveria ter dado conta e não vejo nem por onde começar.

Se essa for a tal crise dos 30, eu até concordo, desde que daqui por diante eu tenha mais traquejo com as coisas da vida. E vamos em frente.

23/01/2012

Anotações aleatórias


 

Quem se perdeu no tempo não se lembra do brilho do sol ao amanhecer,
Não sabe ser grato ao dia, porque não sentiu a dor da sua partida,
Não viu a luz se render à escuridão silenciosa.

...perdido em afazeres, não contempla a beleza exuberante da lua em suas fazes. Não escuta a música que toca ao seu ouvido diariamente. Não se comove com as imagens que pelo caminho  clamando por atenção... 

Imagem encontrada aqui