29/03/2012

Andar com fé



Cena 1.
Um pai sorridente se posiciona a cerca de 2 metros, abre completamente os braços em direção ao filhinho, que todo contente e corajoso ensaia (talvez) seus primeiros passos em direção ao pai.


Cena 2.
Surpreendentemente, reparei em menos de 5 minutos a mesma cena se repetindo, no mesmo local, com os personagens invertidos: Um jovem abre um sorriso ao ver um senhor bem apessoado (seria seu pai?), marcando passos com o auxilio de um aparelho “andador” na direção dele.
*Realmente, andar “dois metros” é muita coisa!
*Imagem encontrada aqui 

27/03/2012

Um canto de viola quebrada


























Chegastes em meio a madrugada,
De pés descalços, as unhas rachadas, 
Com a viola quebrada nas mãos.

Entre choros  e lembranças,  
Tua viola chora mágoas de criança
Teu canto é choro,me tira o chão

Nas madrugadas te vejo em sonhos,
Do teu choro, fazendo canção.

Acordo embriagado  de teu  canto, e tua canção
É  choro triste da viola que se quebrou.

E cantas uma canção entristecida,
Da vida sofrida que trazes consigo
E nas madrugadas, a cantas comigo

Acordado, no meu silêncio, rascunho violas em papel.
Pinto violas quebradas, que tocam dores e pecados,
Traz de volta o teu canto, mesmo que seja de lamento.


*Imagem: Agno Santos
*Madrugada de terça-feira, 31/05/2011. 
*Outra metade anteriormente postada aqui:

09/03/2012

cheiro, saudade e nostalgia






















O meu corpo está cheio de você.
O seu cheiro vive a me visitar.
Há características suas 
Que insistem em ficar na minha pele; 
Lembranças que ultrapassam 
Os limites do que é geográfico; 
Saudades que desafiam 
Minha vontade de liberdade; 
Esperanças que embaralham 
O correr dos meus dias, 
Me tiram o chão e o sono.


Trago seu cheiro em meu corpo 
E nos lugares por onde ando. 
Uma hora é cheiro de alegria, 
Noutras, pura nostalgia...
Às vezes me abraço e sinto 
O aroma dos teus braços a me afagar; 
E a lembrança forte de teu sorriso 
me acordando num domingo ensolarado. 
De repente minha saudade viaja 
em terrenos de lembranças. 

Imagem encontrada aqui

05/03/2012

Amor e liberdade


Penso que o amor não pode nunca brotar de uma necessidade, ainda que inconsciente (mesmo não sendo eu um exemplar de amante resolvido nesses aspectos).

Parece-me que sempre que julgamos precisar de um amor, temos a mania de pinta-lo à maneira do que julgamos ser o jeito certo de amar. Queremos alguém que ocupe os nossos vazios, na ilusão de que assim nos sentiremos seres completos.  Amor objetivado, manipulado, projetado; não se chega muito longe com um amor assim...

Talvez a necessidade do amor mais atrapalhe do que ajude; talvez seja preciso estar mergulhado no vazio da liberdade, longe de qualquer conceito acerca do amor, para quando enfim acontecer, que seja amor dado e recebido, sem motivos, sem cobranças e sem nenhum pré-requisito a cumprir.

O desafio é se jogar na vida, seguir a diante com projetos, com trabalho, estudo, amigos ou as coisas que a gente realmente gosta... Ficar livre e feliz , mesmo sozinho (?), Para que quando o amor chegar, encontre motivos pra ficar, numa atitude de liberdade.

Imagem encontrada aqui

02/03/2012

Marcas e lembranças





Sou eu um amontoado de lembranças. Tenho um corpo inteiro tecido de saudades, medos e desassossegos de toda sorte. Cada lembrança me traduz, me confirma, me conduz, me contradiz, me tira o chão, a paz, as certezas.


É como se eu tivesse o corpo todo tatuado com pedaços de pessoas, de lugares, de objetos, gestos marcantes, beijos quentes, abraços demorados, enfim, toda a estória da minha vida eu trago comigo, por onde vou. 

Imagem daqui