14/09/2011

Nostalgia de brincadeiras de rua



Ao abrir a porta, hoje pela manhã, me deparei com o tempo nublado, “tempo bonito”, como alguns dizem. Um clima um pouco mais ameno, quase que clamando por chuva. Verdade é que um pouquinho mais tarde, senti um tímido chuvisco nos ombros, eta coisa boa. Estamos todos com saudade de chuvas por aqui. Sim, existe algo de lírico nesses dias cinza que me encanta. Parece me deixar mais leve, calmo. 


Percorrendo o trajeto costumeiro em direção ao trabalho me deparei com uma cena que me roubou a atenção.  Afinal, não é todo dia que a gente se depara com crianças jogando “bete”(alguns chamam de ‘taco’) na calçada num território metropolitano. Ao menos pra mim soa inesperado.


A brincadeira é assim: demarcam-se entre um espaço dois círculos onde os integrantes ficam na frente de uma lata de óleo, segurando o bastão, tentando proteger a lata e bater na bola com a força que conseguir, os outros dois ficam tentando acertar a lata com a bola....no decorrer do jogo os pares trocam de lugar e por aí vai.


Bastou ver isso e a nostalgia tomou logo conta de mim. Fui levado a um território cheio de lembranças, com brincadeiras esportivas, que integravam a todos. Eram tantas essas brincadeiras, tanta gente se juntava por horas ali na rua, num terreno baldio, numa quadra de esporte, enfim. Só saíamos quando bem cansados ou quando já à noitinha, nossa mãe nos chamava por mais de uma vez.


Hoje vejo crianças que passam o tempo presas em apartamentos, cercadas de jogos eletrônicos, computadores, celulares, tecnologias de toda espécie. Dizem por aí que esses brinquedos estimulam as crianças. Tá. Mas isso tem um preço. Esses brinquedos também deixam as crianças obesas, preguiçosas, antissociais, deprimidas. E vejo isso nos meus próprios sobrinhos, que muitas vezes recebem a comida no prato, enquanto vencem uma partida no videogame.  Às vezes, nem sabem o que estão comendo. Jogam o prato por ali e continuam o jogo.


Entendo que os tempos mudaram. E até gosto de muitas dessas mudanças. Mas algumas coisas nunca deviam ser substituídas, como a alegria de gritar gol e arrancar a camisa toda suada num jogo de futebol; a satisfação de poder fabricar um brinquedo com as próprias mãos; brincar com terra de vez em quando; tomar banho de rio....e a lista seria imensa.


Essas brincadeiras, além de prazer e integração têm o seu lado pedagógico: ensina a obedecer a regras, alcançar metas, respeitar o espaço do outro, a viver em grupo, encarar perdas e ganhos... e essa  lista de vantagens também seria infinita. Ao menos pra mim fez muito bem. E algumas dessas brincadeiras eu não trocaria por nenhum desses brinquedos tecnológicos de hoje, de verdade.


Por mais que as coisas mudem com o tempo, sempre que vir alguém brincando na rua, descalço a correr, a soltar pipas, correndo com carrinho de rolimã e outras tantas, a saudade de menino virá me visitar.

Imagem encontrada aqui





4 comentários:

  1. Saudades de ver a meninada jogando bete! Ainda bem que, no mês passado, eu brinquei com pipas!

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  2. Engraçado, hoje eles estavam de novo jogando bete lá na calçada... parecem meninos de outros tempos, coisa boa de ver!
    obrigado pela visita, Alice!

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  3. "Entendo que os tempos mudaram. E até gosto de muitas dessas mudanças. Mas algumas coisas nunca deviam ser substituídas, como a alegria de gritar gol e arrancar a camisa toda suada num jogo de futebol;" ok... não jogo futebol, rs, mas senti essa emoção tão de perto na sua descrição que me arrepiou. Obrigada pela visita ao meu blog, obrigada pelo comentário e por me dar a oportunidade de ler relatos assim, como os seus, que me encantaram. Parabéns e apareça mais vezes. :) Siga o meu blog se assim achar conveniente. :)

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